A retirada da tarifa adicional de 40% sobre 238 itens selecionados pelo governo dos Estados Unidos foi anunciada na quinta-feira, 20. A medida, por ordem executiva do presidente Donald Trump, isenta a importação de diversos produtos brasileiros, como café, carne bovina e frutas (banana e tomate, entre outros).
Diálogo entre presidentes abriu caminho para a negociação
A decisão do presidente Donald Trump foi resultado direto de uma conversa com Luiz Inácio Lula da Silva, realizada no início de outubro. Na ocasião, os presidentes concordaram em iniciar negociações para abordar as preocupações geradas pelo decreto anterior que impôs a tarifa adicional a uma série de itens brasileiros. O diálogo entre Lula e Trump foi seguido por um encontro presencial em Kuala Lumpur, na Malásia, no final de outubro.
Já na semana anterior, o país norte-americano havia sinalizado a redução retroativa das tarifas sobre centenas de produtos. Entre os fatores que levaram à diminuição, a Casa Branca considerou informações e recomendações de autoridades, além de avaliar a demanda interna e a capacidade de produção de certos itens nos Estados Unidos.
Posicionamento de Lula e negociadores brasileiros
Em uma postagem na plataforma X (antigo Twitter), o presidente Lula celebrou a medida, definindo a “derrubada da taxa de 40% imposta pelo governo norte-americano a vários produtos agrícolas brasileiros” como uma “vitória do diálogo, da diplomacia e do bom senso”.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atuaram como negociadores junto ao governo norte-americano. Em vídeo, eles apontaram a isenção como um sinal importante para a relação comercial entre os dois países.
Alckmin reforçou que a retirada das tarifas abre uma “avenida de entendimento” entre o Brasil e os Estados Unidos, parceiros comerciais cujos avanços na relação significam desenvolvimento e a geração de empregos no setor de comércio exterior.
Repercussão entre as associações e o setor produtivo
A notícia foi recebida com satisfação e celebração por diversas associações do setor produtivo brasileiro.
A Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), por meio do seu presidente, Pavel Cardoso, emitiu uma nota destacando que a conquista é fruto do trabalho diplomático brasileiro e da mobilização de toda a cadeia produtiva do café. O comunicado da ABIC ressalta que a nova ordem executiva evidencia o “café brasileiro é um produto essencial e estratégico para a economia americana”, o que, segundo a associação, abre espaço para a ampliação da presença dos cafés industrializados brasileiros no varejo norte-americano.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) também se manifestou, indicando que a “reversão reforça a estabilidade do comércio internacional” e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, o que inclui a carne bovina brasileira.
Para a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), a retirada das tarifas sobre os 238 produtos agrícolas gerou uma expectativa quanto ao avanço das negociações para incluir bens industriais. O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou em nota que “a complementariedade das economias é real” e que o próximo passo é “evoluir nos termos para a entrada de bens da indústria”, citando o setor de máquinas e equipamentos como exemplo. Os Estados Unidos são o principal mercado para a indústria brasileira.