O mercado publicitário brasileiro atingiu novos patamares de inovação em 2025, conforme aponta o levantamento anual com os principais líderes das agências do país. O ranking destaca empresas que não apenas venderam produtos, mas que conseguiram gerar conversas culturais e fortalecer suas identidades de marca. Entre os nomes citados, figuram gigantes como Burger King, Mercado Livre e Havaianas, que utilizaram desde inteligência artificial até ações em tempo real para engajar o público.

As estratégias variaram entre o humor irreverente e o uso de tecnologias emergentes para criar experiências imersivas. Marcas como o Canva e o Nubank focaram em parcerias com grandes nomes do entretenimento e da cultura pop, transformando ferramentas utilitárias em objetos de desejo. Esse movimento reflete uma tendência de mercado onde a publicidade se confunde com o conteúdo, buscando uma conexão mais orgânica e menos invasiva com o consumidor moderno.

Além do impacto digital, o contato com o mundo real e a sustentabilidade ganharam força nas campanhas de marcas como Corona e Heineken. As ações focaram em desplugue tecnológico e preservação ambiental, mostrando que a criatividade também reside na responsabilidade social. Esse equilíbrio entre o ousado e o consciente definiu os critérios dos 107 especialistas consultados, consolidando o ano como um marco para o branding nacional.

A irreverência do Burger King e a praticidade do Canva

O Burger King manteve seu DNA audacioso com campanhas criadas pela AlmapBBDO, utilizando ganchos do cotidiano e do entretenimento. Entre os destaques, a rede ofereceu sanduíches para advogados e explorou o tema da traição com o “Corno Drive-Thru”. A marca também utilizou inteligência artificial com a personagem IAra e gerou repercussão ao sugerir, de forma não licenciada, que seus hambúrgueres eram os únicos reais na série Stranger Things.

Já o Canva colocou o Brasil no centro de sua estratégia global sob o comando de Raul Taborda. A plataforma utilizou figuras populares como o chef Érick Jacquin, Xuxa e Gracyanne Barbosa para desmistificar funcionalidades de edição de vídeo e design. O foco foi capacitar pequenos empreendedores e usuários comuns, mostrando que ferramentas complexas de inteligência artificial podem ser acessíveis e divertidas no dia a dia.

Essa abordagem humanizada permitiu que o Canva atingisse a marca de um em cada nove brasileiros utilizando o serviço. Enquanto o Burger King focava no “buzz” imediato e na provocação competitiva, o Canva consolidou sua presença através da educação e da utilidade. Ambas as marcas demonstraram que conhecer profundamente o comportamento do público brasileiro é o primeiro passo para o sucesso criativo.

Experiências sensoriais e conexão humana com Corona e Heineken

A Corona celebrou seu centenário reforçando o vínculo com a natureza e a cultura de praia através do conceito “This Is Living”. A marca patrocinou grandes eventos em Copacabana e inovou com a criação da primeira reserva solar do mundo em Pernambuco, limitando construções para garantir o sol na areia. No campo digital, a campanha “Infinite Sunset” transmitiu o pôr do sol de diversos países em tempo real, reforçando a identidade global da cerveja.

Seguindo uma linha de desconexão digital, a Heineken incentivou os jovens a viverem experiências fora das telas. Com o aplicativo Hei App e a campanha “Social Off Socials”, a marca promoveu encontros em bares e eventos presenciais com a participação de figuras como Joe Jonas. A ideia central foi transformar o consumo da cerveja em um convite para a socialização real, combatendo o isolamento causado pelo uso excessivo de redes sociais.

Essas iniciativas mostram um amadurecimento das marcas de bebidas, que agora vendem estilos de vida e valores éticos. Seja protegendo a luz solar em uma praia brasileira ou incentivando um encontro presencial em São Paulo, Corona e Heineken buscaram relevância. O sucesso dessas campanhas prova que o consumidor valoriza marcas que propiciam momentos de pausa e bem-estar em um mundo cada vez mais acelerado.

O impacto cultural de Havaianas e Mercado Livre

A Havaianas passou por mudanças estruturais em 2025, entregando sua conta para as agências Galeria e Gut. A marca soube aproveitar a cultura da internet ao oficializar o modelo “Havaianas encardida” e reforçou seu caráter democrático em ações com o futebol. No encerramento do ano, a campanha com Fernanda Torres resgatou a icônica frase “Todo mundo usa”, adicionando uma camada emocional ao afirmar que agora “Todo mundo ama”.

O Mercado Livre, eleito Anunciante do Ano, dominou o território do entretenimento e dos esportes. Através de gamificação, transformou partidas de Call of Duty e gramados de estádios em plataformas de compras com descontos exclusivos. A integração entre o mundo físico e digital foi o ponto alto, utilizando desde drones em finais de campeonatos até parcerias estratégicas com o Big Brother Brasil e a cantora Ana Castela.

Essas trajetórias revelam como marcas consolidadas podem se reinventar através da escuta ativa. A Havaianas abraçou um meme de forma autodepreciativa e inteligente, enquanto o Mercado Livre se tornou um ecossistema de entretenimento. Ambas entenderam que a criatividade não está apenas na peça publicitária em si, mas em como a marca se insere nas conversas que já estão acontecendo entre os consumidores.

Inovação em serviços com Nubank, O Boticário e Vivo

O Nubank consolidou sua relação com o universo pop ao escalar atores como Antonio Fagundes e Tom Felton para campanhas ligadas a grandes franquias do cinema e streaming. A fintech utilizou o storytelling para transformar a gestão financeira em algo lúdico e cinematográfico. Através da série de filmes “Com o Nu é outra história”, a marca conseguiu dramatizar situações bancárias comuns de forma leve e envolvente para seus clientes.

O Boticário e a Vivo focaram em temas sociais e comportamentais relevantes para a sociedade brasileira. O Boticário foi reconhecido por campanhas inclusivas no Dia das Mães e discussões sobre o prazer feminino e bullying familiar, além de integrar merchandising inovador no remake da novela Vale Tudo. A Vivo, por sua vez, continuou sua jornada de conscientização sobre o uso equilibrado da tecnologia, promovendo a vida offline com a ajuda de Denise Fraga e Gabriel Medina.

Essas três marcas fecham a lista de 2025 demonstrando que a publicidade de serviços exige empatia e conexão emocional. Ao tratar de dinheiro, beleza ou conectividade, elas escolheram caminhos que respeitam a inteligência do consumidor e propõem diálogos necessários. O resultado foi um fortalecimento significativo de branding, provando que marcas com propósito claro conseguem maior fidelidade e visibilidade no mercado atual.

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